quarta-feira, 15 de março de 2017

PRÓSTATA X AÇÚCAR (DOCES)

O efeito do excesso de açúcar

Nestes últimos 20 anos, assim como a ingestão de açúcar proveniente de comida processada aumentou incrivelmente, também a frequência de diabetes explodiu, levando muitos investigadores a implicar o excesso de açúcar na actual epidemia de obesidade existente. De facto, trabalhos recentes sugerem que o xarope de milho de frutose – uma forma de açúcar frequentemente encontrada em comida processada como bebidas suaves – é convertido a gordura muito mais rapidamente que a glucose natural.

Ainda assim, os efeitos negativos do excesso de açúcar começam ainda antes de este ser armazenado como gordura. O açúcar é a fonte principal de energia para a maior parte dos cancros e o cancro na próstata é um deles. As células normais em geral podem-se adaptar a um ambiente baixo em açúcar usando outras fontes de energia – o processo desenvolvido pela evolução quando as pessoas entravam em longos períodos de escassez e fome. No entanto, as células cancerosas, que crescem mais rápido que as células normais, não possuem a mesma habilidade para adaptarem-se em ambientes baixos em açúcares. Logo, quanto maior o excesso de açúcar consumido, maior será o estímulo para o tumor se desenvolver. De facto, vários estudos em animais sugerem que o corte no consumo de açúcares simples pode abrandar  em muito o crescimento do cancro na próstata.

O consumo excessivo de açúcar é ainda ligado ao crescimento do cancro na próstata através das suas interacções com a insulina. Quando em consumo de açúcar, o corpo produz insulina, o que ajuda na decomposição do açúcar, assegurando que o açúcar é armazenado conforme a necessidade. Quando se consome demasiado açúcar e o corpo produz constantemente níveis altos de insulina para ajudar no seu processamento, as células podem ficar imunes aos efeitos da insulina, resultando em níveis demasiados altos de açúcar no sangue – um sinal comum de síndrome metabólico e um forte factor de risco para diabetes. Além disso, níveis de altos de insulina têm sido implicados com um risco aumentado de diabetes, de doença cardíaca e desenvolvimento de cancro na próstata, independentemente da sua interacção com açúcar.

Juntando todas esta evidências, a investigação científica começa a sugerir que quanto mais açúcares processados você comer, mais altos serão os seus níveis de insulina e maior a probabilidade do seu cancro na próstata crescer.

Ainda assim, cortar no consumo de açúcar é apenas um de vários passos importantes a dar. Estudos em animais com cancro na próstata têm demonstrado que praticar uma restrição calórica na dieta pode abrandar muito o avanço da sua doença. Mantendo uma dieta saudável e começando um regime regular de exercício físico não só lhe irá ajudar a alcançar e manter o seu peso que sempre sonhou, mas também lhe poderá ajudar a abrandar o crescimento de cancro. Trabalhar com um conselheiro nutricional qualificado irá ajudá-lo a identificar comidas “boas” e “más”, enquanto trabalhar com o fisiologista qualificado irá ajudá-lo a desenvolver um regime que o manterá em boa forma física.



Juntar tudo isto


A dieta moderna e o estilo de vida sedentário poderão levar à acumulação de tecido adiposo, o que, por sua vez, poderá contribuir para o desenvolvimento de inflamação e aumento dos níveis de insulina. Ao mesmo tempo, uma dieta mais calórica, rica em açúcares e pro-inflamatória pode promover doenças crónicas relacionadas com a idade e poderá provar uma ligação importante entre nutrição e o desenvolvimento e progressão de cancro na próstata. Até as mais pequenas mudanças na composição corporal através de mudanças nas escolhas dietéticas ou através de exercício físico regular poderão ser altamente benéficas – tem sido demonstrado que uma pequena perda de 5% de peso pode diminuir os marcadores inflamatórios até 30% em pacientes diabéticos obesos e também pode reduzir os níveis de insulina em 20% em pessoas não diabéticas. Enquanto o peso excessivo tem sido associado com cancros na próstata mais severos e rapidamente progressivos, até 60% dos homens com peso corporal normal e com uma cintura com tamanho mediano carregam tecido adiposo em excesso à volta do abdómen. Concentrando-se numa dieta diária rica em antioxidantes, baixa em substâncias pró-inflamatórias e cancerígenas e, ainda, baixa em açúcares simples/processadosacompanhado de um regime de exercício físico regular – poderá fazer uma diferença crucial no melhoramento da saúde de qualquer doente de cancro na próstata.

Pontos Chave a Lembrar
1.     A oxidação e a inflamação são dos maiores contribuintes para o desenvolvimento do cancro na próstata
2.     As substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes encontrados em frutos coloridos e em vegetais contra-actuam o dano causado pela oxidação e inflamação